sexta-feira, 11 de setembro de 2020

LEIA OUVINDO A MÚSICA E ME CONTE AS SENSAÇÕES ♥️



Tem pessoas que amam os textos que faço. Mal sabem o quanto não são meus. Talvez não façam ideia do quanto preciso me recolher vez ou outra (mais vez do que outra), para entrar em contato com este mundo, essencialmente meu. Que toca em tantos mundos. Me faz navegar e aprofundar-me cada vez mais desconexa de mim mesma. 

Sou para ti. 

Invado-te, pois há grandes indícios de que eu possua a chave-mestra, a qual recolhe todos os seus prantos. 

Eu apenas sou um mistério para mim mesma. Pois fui feita para desfazer-me. Sinto tudo deveras dificultoso, porém não quero ser vitimista: os empecilhos me atingem mais intensamente, mas sei que há um propósito nisto. 

Preciso. 

Tenho de desenhar este percurso de dor. 

Para poder, assim, escrever mais sincera e densamente. 

Gosto da melancolia. 

A tristeza pode e deve ser bonita; um dia.

Sou tão inteira, que me despedaço. 

Preciso de laços. Para desfazê-los e depois vê-los refeitos, como prova de compreensão e perdão. 

Somos imperfeitos. 

Nascemos em busca do vento. 

A vida é só uma passagem. 

Que o amor seja o nosso mais profundo ritual sagrado. ♥️


Imagem: La Belle Dame Sans Merci, por Marc Fishman.

Ao som de: Morricone - Gabriel's Oboe & The Falls (For Cello and Orchestra) 

domingo, 19 de julho de 2020

No meio do nada. À procura de tudo...



O mundo não é seguro.
Alardes nos chamam para o mundo surreal,  para aquelas histórias que admiramos, porém achamos impossível acontecer a nós, meros mortais. Mas não mundanos. O que mais se deseja é proteção e fuga deste mundo, e é por isso que a arte e o amor vêm para nos resgatar, nos libertar de qualquer senso comum, qualquer medo. E então abrigados ficamos; no mundo dos sonhos... 💛

Fotografia: Jure Kravanja

A Ininterrupta Força da Prosa Poética


Eu Amo a Ininterrupta Força da Prosa Poética... Deste inesperado retorno da inspiração: esta que some do nada, e da mesma forma retorna, sem aviso prévio ou qualquer sinal. A vida vai ficando cada vez mais séria com o passar do tempo e a responsabilidade também cresce, a medida que você se adapta ao sistema. Ter uma brecha para refletir e pensar em algo fora do que a máquina cobra, tem sido cada vez mais raro... Mas nada pode ser mais forte do que essa necessidade de se voltar para dentro de si, volta e meia. Por mais que fujas, este encontro há de acontecer, por mais duro que se mantenhas. Os problemas do cotidiano não podem ser mais importantes do que seus sonhos. A vida só se mantém por eles, mesmo que você não perceba e diga que isso tudo é bobeira. 
Se você trabalha, qual motivo atribui a isso? É pelo mero dinheiro? Ou pelo o que se conquista com ele? Ou melhor, pelo o que você gostaria de conquistar... Será que isso que tanto deseja, tem preço? Ou foi este nosso sistema que de tão bruto, nos fez acreditar que sonhos podem ser comprados; que em algum momento, podem ser precificados como mercadoria... Volte ao seu caminho; não se mantenha: deixe-se levar pelo entardecer, não troque esta beleza por hora extra. Se quer pisar na grama, não se reprima à plaquinha "não pise na grama". 
O mundo é todo seu, o que poda nossas folhas são regras que alguém disse algum dia que era o ideal para todos!

Acompanhe seu instinto, se ele tem gritado, por que não dar ouvidos a ele? Não perca esta força que o faz viver... ♥️

14/02/2018

Que Todas as Celas Virem Velas



Há algum lugar no infinito que eu gosto de entrar… de me afundar no mais comum dos temas, de embelezar cada canto improvável e empoeirado. De uma cela, velas podem começar a se derreter e trazer, por fim, a liberdade. A tão ansiada chegada pela primavera, ou qualquer folha que traga verdade… quem não se arrisca na felicidade, vive na incerteza de possuir ou não o vaso dilatado pelas emoções afloradas, lançadas pelas flores da estação, que não esperam o próximo chegar, mas aguardam infindas pela vinda do vento que as leve do jeito mais leve que se possa sonhar. ❤️ 

Imagem: Zhytomyr, Ucrânia (Ilha do Amor).
28/09/2018

Real Essência


Nós buscamos conhecer muitas coisas. Porém, são poucas as que conhecemos profunda e verdadeiramente. São raras, também, aquelas que merecem ser assim esmiuçadas…

Prezo por descobrir a essência de cada miudez que amo. 
Essência real. Não a de baunilha. Esta apenas realça o sabor. 
Aquela não pode suportar nenhum desamor… 
Esta umidece, mas em seu intrínseco, pode até causar dor... Aquela pode até desidratar, ressecar e o fogo queimar; porém, nunca pode-se dizer que não houve amor por lá… 
No vazio de minha própria alma, me escondi… 
Tu me procuraste, aí de cima, e depois de uma longa tentativa, concluíras que me perdi. 
Não tive forças para gritar de volta, entretanto, meu coração saltitava, quase solfejava pedindo um abrigo; lutava contra o frio e a dor do nada sentir…

Mofo.

Amorfo. 
Senti uma facada sobre a almofada em que eu estava debruçada. 
Eras tu, tentando me salvar! 
Mal podia saber que quase fora meu executor!

Executaste meus melhores sonhos.

Forjaste a cura de meus pesadelos… 
Mas, e quanto aos seus? 
Estão despertos… todos, e cada um deles, sedentos pelo dia em que gozarão do sono tranquilo. Tenhas piedade! Absolva-os de seus medos… podes acolchoar-se em mim, quando o colchão não for o bastante. 
Petrifique o que não o permite sair do chão…

Amoleça, moleira dura, coração maduro. Cabeça quente, gélido coração; não dura.

Derreteu-se no primeiro breu. 
Eu aproveitei a deixa, saindo de onde estava presa. 
Tu, ao me avistar, assustou-se com a grande luz que reLuzia através do meu peito, esta que o fez cair no buraco em que eu estivera. 
Tremendo de nervoso e frio, achou tudo vazio, teve medo da solidão. Sobretudo, foi neste tenebroso local que conseguiste gritar a dor da saudade. Que pudera sentir, em verdade, completamente… Percebera que ninguém tem "culpa" de sentir. Apenas gosto. Saudosismo... A pena é ninguém poder te ouvir agora. A maior consternação é o teu choro soar silencioso.

A lástima é eu não poder mais secar as tuas lágrimas… 
O abstrato é perceber que tudo que um dia vai, pode nunca mais voltar, diferente do ditado popular.

Como dar ouvidos a quem só quer copular, que não vê sentido em amar? 

A graça está em rasgar se e remendar-se...

Na luz da minha própria escuridão, sobrevivi.
No vazio de minha própria alma, ressuscitei.

🌕 Escrito em uma noite de Lua cheia do dia 10/01/2020 🌕

Esta foto é bonita em demasia...


Mas o triste é a sua simbologia... Não vejo a hora de abrir a porta e poder, finalmente, voar. Quero não mais ter ninho, anseio poder sair da linha e me costurar depois, se for preciso... Não entendo o porquê de falarem tanto da vida alheia, julgar o sonho de outrem... Por vezes, falam da minha como se eu precisasse viver à mercê do que todos querem, menos fazer o que mais quero. Não estou fugindo de ter responsabilidades, mas vou criar as minhas próprias, e assim viver do que crio, invento, sustento: não desejo esse fardo fabricado por mentes sujas, sádicas, hipócritas. Abuso de poder, abuso de outro viver, necromancia de tantas vidas! Tantas invenções deixadas de lado para alimentar desejos artificiais, paraísos irreais... Tudo para colocar no mundo a ideia de que seu sonho é chulo. Pois eu digo: o seu é o melhor, o mais digno, o mais doce, o mais belo e poético sonho do mundo! ♥️

04 de Junho de 2020 🌟

sábado, 22 de junho de 2019

Prece

Corre!

- O que foi?

- Ela está vindo!

- Ela quem?

- A Inspiração...

- Ah, bom... Pensei que fosse a pequenez ou maus pensamentos... Que bom que é ela quem está de volta.

- Sim! Senti tanta falta de sua presença. Agora, precisamos de uns minutos a sós; com licença, querida Consciência?

- Tudo bem. Se precisar, estarei aqui.

- Obrigada! De alguma forma, sei disso.

Olhares continuados, pontilhados. Olham para a mesma estrela. Neste instante, a conexão se inicia.

- O que você vê, minha amada?

- Brilho, muito brilho. Um reluzir sem fim. A porta para o infinito. Você vê o que?

- Percebi exatamente o mesmo. Graças a ti.
Quando surges, não preciso de nada além de papel e qualquer coisa que consiga registrar o que você me faz enxergar. Assim, de um jeito tão límpido, puro, originário, essencial. Sei que cada resgate da memória é precioso. Cada detalhe lapidado, brilha mais que diamante, até mais que a estrela que vimos essa noite!

- Ah, você imagina tanto... Me faz voar para longe. Tudo de que mais gosto de fazer, tem você no meio, bem ao centro.
Por favor: pode ir de vez em quando, mas não me deixe; não para sempre. Não sei se resistiria. Ver tudo em preto e branco, amorfo, frio, pré programado.
Ainda que úmido, e com risco de mofo, volte. Mesmo que seco, implorando por água, retorne! Porque não há nenhuma  nascente ou qualquer outra fonte que mate essa minha sede.

Fica, para sempre?

Don't spend your time, expanda a sua mente.



domingo, 14 de abril de 2019

Que dor, amor...

Quando é que vou voltar a sentir tanto? É curioso, engraçado, trágico, mas como é que algo tão bom pode doer tanto? E te deixar incapaz de sentir por um tempo?

Amor, se é você, por que fazes assim?
Me sinto aflita, suplico por paz, mas será mesmo que a quero? Ou em verdade, aprecio esta combustão, este eterno desassossego?

Me impressiono tanto com a capacidade de reciclagem da vida. Não sei como suportei tanta coisa e estou aqui, viva. Cicatrizando aquilo que achei que morreria sem:
o seu amor.


segunda-feira, 8 de abril de 2019

Imersão

Profundidade. Tem seu preço. Custa tempo. Dedicação. Inundação. Em um plantio muitas vezes desconhecido. Mas é preciso que se infiltre, que seja regada cada parte seca deste jardim.
Intocado, pede por atenção. Água, mais água. Tem sede e muito calor; está quente. A superfície é morna, entretanto, quanto mais fundo você adentra, percebe que vai ficando mais fresco, assim como na mata fechada. Não mata, nem sufoca, ao se esconder da luz do sol. O meio termo é tão necessário para o mundo... As meias-estações são um respirar tranquilo das intensivas estações. Um descanso para o fôlego, temperatura mais amena.
Amêndoas florescem, amendoim é feito. Olhos amendoados, olhos amedrontados: lá vem o frígido inverno. Janelas embaçadas, gelo acentuado. Café quente, chá borbulhante, beijo morno. Lábios arrepiantes. Na superfície ficam bem gelados, mas conforme se adentram, vão sentindo o toque mais quente, quanto mais fundo se aconchegam.
Línguas entrelaçadas, sufoco interrompido; suspirar pontilhado, desejos semi-consumados. Quando a entrega é mútua, não há preço a ser pago por tanta profundidade: "pode entrar, fique à vontade".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Mar, acalma a minh'alma

Eu consigo deduzir, em fração de segundos, tudo que desejei a vida inteira. Posso perceber a luz no seu beijo.
Fecho os olhos e me atento a cada mordida molhada, a cada espera ansiada...
Me entrego de corpo e cada vez mais de alma.
Desejo em meu peito que haja mais verões como este: quente, revigorante, que molha nossos dedos e nossos corpos, ficamos sedentos do que nos faz querer gritar.
E depois queremos apenas descansar, no colo aconchegante, sempre velejante; sonhando com a nossa imersão no bom e velho mar...